O ceratocone é uma das doenças mais comuns do nosso dia-a-dia como oftalmologistas. Não tão comum hoje em dia é a grave manifestação em casos avançados de hidropsia aguda. Mesmo para os não especialistas em córnea, é importante sabermos conduzir esses casos na urgência, aliviando as queixas do paciente naquele momento, para que possamos encaminhar ao colega especialista posteriormente, se necessário.
DEFINIÇÃO
Assuntos abordados
A hidropsia aguda associada ao ceratocone é provocada pela ruptura da membrana de Descemet com consequente edema agudo e perda da transparência da córnea (figura 1). Ela ocorre em pacientes portadores de ceratocone severo, no qual a ectasia e protrusão da córnea é tão intensa que supera a resistência da Descemet.
QUADRO CLÍNICO
A hidropsia aguda caracteriza-se pelo surgimento súbito de piora da visão, hiperemia, fotofobia e lacrimejamento.
Fatores de risco
- Alergia ocular
- Prurido ocular
É mais frequente em pacientes portadores de síndrome de Down.
A rotura na Descemet geralmente cicatriza espontaneamente em até 3 meses, levando assim à resolução do edema de córnea, porém, com o surgimento de leucoma. Pode haver desenvolvimento de neovascularização corneana.
TRATAMENTO
- Agentes hiperosmóticos tópicos: Cloreto de sódio 5% de 12/12h até a resolução.
- Lente de contato terapêutica ou oclusão
- Agentes cicloplégicos podem aliviar a dor: Ciclopentolato 1%
- Inibidores da produção do humor aquoso podem reduzir o fluxo de fluido para a córnea: Brimonidina 0,1% 12/12h.
- Injeção de ar ou gás (SF6 ou C3F8) pode agilizar a resolução do quadro
- Não é uma indicação de ceratoplastia de emergência. No momento que for indicado, deve-se optar pela ceratoplastia penetrante.
Seguimento a cada 1 a 4 semanas até a resolução do quadro agudo.
REFERÊNCIAS
BCSC 2020-2021: External Disease and Cornea, p. 164.
Manual de doenças oculares do Wills Eye Hospital, 6 ed, p. 100.
Krachmer et al. Cornea: Fundamentals, Diagnosis and Management, 3 ed. p. 878.
Série Oftalmologia Brasileira: Doenças externas e córnea, 3 ed, p. 366.
Kanski: Oftalmologia clínica, 8 ed. p. 335.